Após sete anos, o cargo de perito criminal federal voltará a ser contemplado em um novo concurso PF. A seleção permitirá a reposição de pessoal, mas o número de vagas ainda está longe do ideal para atender às demandas da corporação.
As vagas autorizadas para o próximo edital devem suprir apenas as saídas recentes, sem refletir a real necessidade de efetivo da Polícia Federal.
Para entender esse cenário e saber como estão os preparativos para o novo concurso da PF, na área Policial, conversamos com o presidente da Associação Nacional dos Peritos Criminais Federais (APCF), Marcos Camargo.
Camargo afirmou que a luta por mais servidores e por novos concursos públicos tem sido uma pauta constante nos últimos anos. No quarto mandato à frente da APCF, ele reforça que essa continua sendo uma das prioridades da entidade.
"Esse concurso é muito aguardado por todo mundo, tanto por quem quer [entrar] quanto por nós, que precisamos de novos colegas para incrementar nossa força e continuar fazendo um bom trabalho.
É um tema bastante sensível, que está entre as pautas prioritárias da APCF, quanto à regularidade na realização de concursos", diz.
Segundo ele, essa demanda está sempre em discussão junto à Direção-Geral da PF, mais especificamente com a Diretoria de Gestão de Pessoal, reforçando que a categoria tem um histórico de luta nesse sentido, sobretudo após 2021.
Ele relembra o fato de que o último concurso da PF, com vagas para peritos, foi em 2018, já que, em 2020, quando o governo anterior anunciou o concurso de 2021, a Perícia foi deixada de lado.
Marcos Camargo, inclusive, ressaltou que realizar um concurso para a PF sem contemplar a Perícia seria algo completamente equivocado — mas foi exatamente o que aconteceu.
Dessa vez, em 2025, a Polícia Federal recebeu uma nova autorização, agora contemplando os cinco cargos do seu quadro policial.
Presidente explica oferta de vagas do concurso PF
O aval do novo concurso PF prevê o provimento de mil vagas, sendo 69 destinadas à carreira de perito criminal federal.
Embora o número seja considerado baixo, o quantitativo reflete os cargos disponíveis na Polícia Federal para a área, segundo Marcos Camargo.
"Hoje, o concurso da Perícia Criminal Federal é exclusivamente para reposição de pessoal", afirma o presidente.
Segundo ele, desde o último concurso, a categoria tem travado uma luta intensa para o aumento dos códigos de vaga. Isso porque as 69 vagas previstas no próximo edital serão apenas para repor o efetivo perdido ao longo dos anos — ou seja, a PF estará apenas repondo o que foi sendo esvaziado nesse período.
Ele explica que a instituição já opera no limite de vagas disponíveis e, por isso, a ação da categoria no momento é buscar, junto à Direção-Geral, a criação de novos códigos de vaga.
Camargo reforça que essa aprovação vai além da alçada da Diretoria da PF, exigindo também articulação conjunta no Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI), no Ministério da Justiça e Segurança Pública e na Casa Civil.
Além disso, para que a criação dessas vagas avance, é necessário que o orçamento seja aprovado pelo Congresso Nacional, viabilizando a edição de uma Medida Provisória (MP) e o andamento de todos os trâmites legais.
Por fim, ele reforça que, embora diversos fatores estejam envolvidos, é essencial a atuação do diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues, neste processo que favorece a Perícia Criminal.
O que impede a criação dos novos cargos de perito?
De acordo com Marcos Camargo, diante da urgência em recompor o quadro da Perícia Criminal Federal, a APCF entende que deveria haver um processo exclusivo para a criação de novos códigos de vaga voltados apenas aos peritos.
Ele explica que esse tipo de procedimento já chegou a ser iniciado em outras ocasiões, mas acabou travado por falta de orçamento, especialmente entre os anos de 2020 e 2021.
“A Direção-Geral já entende que tem que ser um processo amplo, que contemple outras carreiras. E nós, obviamente, também defendemos o reforço nessas outras áreas. Só que isso gera um processo muito mais complexo, muito mais robusto. Dada a urgência da Perícia Criminal Federal, nós entendemos que, neste momento, deveria ser apartado, sem prejuízo do encaminhamento de um processo conjunto”, afirmou.
Camargo classifica essa discussão com a Direção-Geral como uma espécie de embate, no bom sentido.
Para ele, é necessário convencer a administração de que os esforços devem ser focados, neste momento, na criação de vagas exclusivamente para peritos criminais federais.
“Outras categorias também estão em busca por vagas, evidentemente a Polícia Federal precisa ser reforçada como um todo, mas, no comparativo, nós estamos em uma situação mais emergencial. Por isso, a gente entende que deveria ser um processo específico, com trâmite que entendemos ser mais tranquilo para essa aprovação”, explicou. Atualmente, segundo o presidente da APCF, há um processo em andamento que prevê a criação de diversos códigos de vaga para todos os cargos da Polícia Federal, mas ele pondera que não é possível garantir o tempo de tramitação e nem se a medida será, de fato, efetivada.
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