Passageiros da Gol esperam há dias para deixar Noronha após proibição de pousos de aviões a jato; 'É uma humilhação', diz turista
Mais de 20 clientes da empresa Gol Linhas Aéreas esperam há dias para deixar Fernando de Noronha. O problema acontece porque a empresa cancelou os voos desde que o governo federal proibiu os pousos de aeronaves com motores a reação (turbojatos), na quarta-feira (12).
A proibição foi determinada pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) por causa das condições da pista do aeroporto da ilha. Neste sábado (15), 26 pessoas aguardavam no local sem saber quando vão conseguir sair de Noronha.
Equipes da Polícia Militar e da Polícia Federal permaneceram no saguão do aeroporto da ilha para evitar tumultos. Procurada pelo Folha 24 Horas, a Gol disse, em nota, que os clientes que "ainda permanecem na ilha estão sendo acomodados em voos de outras companhias, conforme disponibilidade" (confira a resposta da companhia mais abaixo).
'É uma humilhação', diz turista que não sabe quando vai sair de Fernando de Noronha A estudante Juliana Franco Stoppe, turista de São Paulo de 18 anos, está na ilha com a irmã, que tem 20 anos (veja vídeo acima). A visitante chorou após a empresa indicar que ela poderia embarcar, mas a irmã ficaria na ilha.
“Eu estava na ilha com meus tios, eles embarcaram na sexta-feira (14) pela Azul [a outra companhia aérea que opera na ilha]. Meu voo, da Gol, foi cancelado, não me avisaram. A empresa quer que eu siga viagem e deixe minha irmã, eu não vou fazer isso”, disse Juliana ao Folha 24 Horas.
Juliana também contou que chegou ao aeroporto na sexta-feira (14), esperou dez horas por uma resposta da Gol, voltou neste sábado (15) e ficou no local por mais de dez horas. A estudante declarou que não recebeu nenhum tipo de apoio da empresa aérea.
“A Gol não ofereceu nada, estamos deitados no chão.
Não oferecem comida, água. Eu não sei como vou sair daqui, não sei onde vou dormir. É uma humilhação. A gente não é tratado como humano", declarou Juliana.
A pedagoga Alessandra Gonçalves, turista de São Paulo, afirmou que a empresa aérea não a comunicou do cancelamento do voo de retorno, que estava marcado para quinta-feira (13).
“Cheguei em Noronha no domingo (9). Eu soube das restrições do aeroporto na reportagem que eu li no Folha 24 Horas. Antes de embarcar, questionei ao atendente da Gol se o retorno estava confirmado e ele me informou que eu seria relocada para a empresa Azul.
Meu voo era na sexta-feira, mas não consegui embarcar”, disse Alessandra.
A administradora de empresas Carolina Garcia, outra turista de São Paulo na ilha, pegaria um voo neste sábado (15), mas, ciente dos problemas de embarque, tentou deixar a ilha desde sexta-feira (14), mas não conseguiu.
“Não tenho previsão de deixar Noronha. Acho tudo isso péssimo, a ilha é maravilhosa, mas essa impressão que fica é ruim”, contou Carolina.
O consultor técnico Odair Afonso, visitante de Santo André (SP), tem voo marcado pela Gol para segunda-feira (17), mas, ciente de que não tem previsão de voo, ele está em busca de vaga em alguma aeronave para deixar Noronha.
“Só Deus sabe quando vou conseguir sair da ilha. Desde o início da manhã deste sábado (15), eu tento uma vaga.
Vou me organizar com as pessoas e prestar um boletim de ocorrência coletivo. Isso é um absurdo”, disse Odair.
O que diz a Gol
O Folha 24 Horas entrou em contato com a Gol para saber como e quando os passageiros vão deixar Noronha. Em nota, a empresa explicou que a proibição da Anac "impactou as operações da Gol, que operava dois voos diários entre Recife (REC) e a ilha e que, no momento, tem seus voos suspensos".No texto, a companhia aérea disse que "priorizou a comunicação com todos os clientes envolvidos desde o anúncio da Anac", em 6 de outubro.
"Foram enviados e-mails, SMS e feitas ligações para que os impactos fossem minimizados. Duas operações extras foram realizadas na terça-feira (11), data-limite para a operação dos nossos voos, para atender clientes que escolheram antecipar suas viagens.
Nem todos concordaram com a solução do voo extra e optaram por ficar na ilha", afirmou a Gol.
A empresa também falou sobre a situação dos passageiros que continuam na ilha. "Os clientes com bilhetes para o trecho Noronha–Recife e que ainda permanecem na ilha, estão sendo acomodados em voos de outras companhias, conforme disponibilidade. Enquanto isso, a Gol está buscando oferecer as facilidades para os clientes, conforme as necessidades de cada caso".
Ainda na nota, a Gol mencionou as opções que os clientes que compraram diretamente com a empresa passagens com destino ou partida de Fernando de Noronha desde quarta-feira (12). Eles podem remarcar as viagens, pedir crédito ou reembolso na internet ou ligando para a Central de Atendimento no número 0300-115 2121.
"Clientes cujos bilhetes foram comprados com milhas devem acessar diretamente a Smiles pelo telefone 0300 115 7001 (Smiles ou Prata) ou 0300 115 7007 (Ouro ou Diamante), e aqueles que adquiriram bilhetes com agências devem procurar a própria agência", orientou a empresa.
Resposta do governo do estado
A única vez que o governo do estado se pronunciou sobre essa proibição da Anac foi no dia 6 de outubro. Por meio de nota divulgada nessa data, a Secretaria de Infraestrutura e Recursos Hídricos de Pernambuco (Seinfra) afirmou que segue as determinações da Anac.
Também disse que, "nos últimos anos, tem intensificado os investimentos para a ampliação da infraestrutura do aeródromo e adequá-lo aos modelos atuais e futuros de movimentação das aeronaves".
Além de ter iniciado as obras de reparos na pista de pouso e decolagem com prazo de conclusão em até dois meses, a Seinfra declarou que "vem atuando na mobilização e transporte de materiais, insumos e equipamentos necessários para a execução dos serviços de restauração total do pátio de estacionamento das aeronaves, pistas de rolamento (taxiway) e da pista de pouso e decolagem".
Ainda no texto, a secretaria mencionou que, no ano passado, foi concluída a implantação dos sistemas de luzes de obstáculos e de luzes de aproximação simples, alimentados por energia solar e tecnologia em LED.
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Também disse que, "nos últimos anos, tem intensificado os investimentos para a ampliação da infraestrutura do aeródromo e adequá-lo aos modelos atuais e futuros de movimentação das aeronaves".
Além de ter iniciado as obras de reparos na pista de pouso e decolagem com prazo de conclusão em até dois meses, a Seinfra declarou que "vem atuando na mobilização e transporte de materiais, insumos e equipamentos necessários para a execução dos serviços de restauração total do pátio de estacionamento das aeronaves, pistas de rolamento (taxiway) e da pista de pouso e decolagem".
Ainda no texto, a secretaria mencionou que, no ano passado, foi concluída a implantação dos sistemas de luzes de obstáculos e de luzes de aproximação simples, alimentados por energia solar e tecnologia em LED.
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